sexta-feira, 27 de novembro de 2009

novidade.

O sol nascerá fulgurante em si mesmo, e seus braços de luz invadirão absurdamente todos os espaços da terra, alastrando o gosto de novidade a tudo que se conhece com vida. dos olhos cansados se verá nascer canção. Do luto se fará jubilo, da dor da existência, fôlego. E todo esse breu que sufoca a alma e os poros será inundado por luz, tão flamejante e real que julgarão palpável.
O sangue nas unhas, as línguas travadas, a inércia dos corpos, e os ossos quase convertidos em poeira serão então renovados e surpreendidos,sólidos. Haverá risada de criança nas ruas, música nos lares, cheiro de flor, e a cor da possibilidade da alegria e da paz eterna colorirá corações opacos e desafinados.
Só o amor constrói, falarão as línguas outrora exaustas, com um sorriso que surge de lábios que desconheciam o gosto do beijo, do novo, do som e da incontida poesia que nasce de dentro pra fora.
O fim dessa cidade morta. O inicio de uma geração sem idade. E enfim, o reino da paz será coroado, absoluto e incontrolável, revelando uma vida nova verdadeiramente abundante.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Somática.

Do todo que me fere fica então a epiderme latejante gritando por explicações. Tento suavizar as setas flamejantes que atingem minha fortaleza de papel, que construí com minhas próprias mãos, e ressentimentos. Da cor que cega os olhos, dos gritos guardados no travesseiro, do espanto diante da realidade e dos olhos cansados demais, fica a lembrança desbotada e alguns soluços intermitentes. Não caibo mais em minha pele, não reconheço minha voz, e quando caminho na frente do espelho vejo resquícios e saudades do que não vivi, reminiscências amputadas pela sofreguidão impaciente de uma ansiedade tão minha...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

hermética.

Acordara de um sonho estranho, nua, abria os olhos sem vontade, espreguiçava o corpo sem entender para quê e bocejava a saudade da possibilidade da letargia momentânea. Quando sentiu o frio dos azulejos despertarem seus pelos e poros, decidiu vestir a sua existência, mesmo esquálida e lânguida, e enfrentar mais uma vez o dia, que já surgia na sua janela delatando suas imperfeições. No chuveiro sentia os pingos lavarem os pensamentos absurdos que por pouco não a deixaram dormir... Em dias como esses (sim, já vinham em plural) suas roupas pareciam pesar, o tecido, a costura, as marcas, tudo carregava em si um saber patético e irreal que não lhe servia de nada.
Respirava tentando dilatar a vida dentro dos pulmões e caminhava olhando para os pés para ter certeza que ainda sabiam o que fazer. Normalmente não gostava de sapatos, pareciam camuflar os desejos de onde gostaria realmente de ir, mas na falta de desejos, caminhava por aleatoriedades, a única razão que latejava em suas solas, esperança no acaso.
Mesmo com um gosto amargo de rotina na língua comia tentando abastecer-se de proteínas e carboidratos que alguém um dia lhe disse necessário. Não entendia bem o porque de tanta variedade, tudo aquilo só tinha um porquê, que era lhe manter em pé, mesmo que preferindo as horas que passava horizontalmente na cama.
Já quase não usava palavras, mas constantemente se perguntava para onde iam os sonhos falidos, onde se encontrava o cemitério dos segredos que se perdiam no ar? Não encontrava resposta, ou vontade de procurar, deixava seus braços doloridos gesticularem apenas o indispensável, seus olhos contentarem-se apenas com as proximidades, e seu coração com as batidas suficientes para enfrentar o sol castigador.
Passavam-se os dias, dormiam-se as noites, e o seu corpo parecia diminuir. Falta de uso? Falta de vontade? Falta de fazer falta para alguém?
Aonde será que medem a dimensão da existência? Já não conhecia o tamanho real de seus membros. Muito menos o tom de sua voz. Quando voltava pra casa no fim do expediente, já respirava com dificuldade, e as estrelas sempre surgiam com olhares inquisitórios, tudo era pesado demais, adormecia abraçada com o resto de realidade que conhecia, não gostava de sonhos e abstrações, preferia passar pela noite sem absurdos oníricos. A concretude trazia uma falsa segurança que sussurrava determinações com prazo de validade. Já quase paralítica, fechava-se ainda mais com medo de se lançar no sonho estranho de todo dia, onde se via com asas e um sorriso desconhecido nos lábios.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

latente.

Os raios intensos e alvos escorriam suas volúpias na pele áspera do asfalto, as nuvens caminhavam vagarosamente no azul, como se o tempo não possuísse gravidade, gravíssimos segredos guardados no céu, desejo dos pássaros versados em cantos.
Uma tarde absurdamente comum, o calor crescia inclusive nas almas, e o vento, quase raro, sussurrava inconseqüências testemunhadas na noite morna anterior. O suor impregnado nos poros dançava nas testas de homens e mulheres, crianças e velhos (o calor não conhece exceção) e gritava o cansaço da existência, que poderia ser percebido também pelo arqueamento dos ombros e os passos cada vez mais lentos.
E os meus olhos, ainda não acostumados com a claridade, pediam socorro pelos labirintos das ruas e a multidão opaca, tudo era a necessidade pulsante de ver nas sombras irreverentes, que brincavam de mudar de lugar por puro castigo aos homens, o refúgio para os membros exaustos, os segredos expostos, as diferenças explícitas e deformidades aparentes demais, que o sol,apático a tudo, insistia em expor.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Reminiscência da pós-tempestade

Depois que o vento forte passou o que ficou foram algumas flores desbotadas pela rua e um gosto esquisito de saudade, que poderíamos sentir com a ponta dos dedos quando tateávamos os restos dos objetos que foram lançados por todos os lados...e também com o canto dos olhos, que já andavam constantemente com um riozinho raso preso entre os cílios empoeirados e as lembranças asfixiantes do que começou com uma brisa de manhã.
De certo, ficamos mais fortes, tivemos que aprender como se segurar nos tênues fios de vida que nos sobravam, e principalmente encontrar novos modos de carregar escombros deformados, que pelo tanto de lembranças que traziam em si, como tatuagem, ficavam consideravelmente mais pesados...
Do pranto imediato se fez o silêncio mais profundo, ora por respeito, ora por pesar, ora por solidão, ora por cansaço, e algumas vezes por não se conseguir pronunciar algo de válido e coerente diante da bagunça inevitável dos dias, ou noites, não haviam mais ponteiros corretos...

presentes.

gente, ganhei 3 presentinhos nestes ultimos dias. e vo tentar juntas todas as regras que eles trazem com eles, num post so.

primeiro. o selinho q ganhei da minha Madame favotita pede que fale 10 coisas sobre meu blog, e qnd eu tava escrevendo, eu percebi que era bem parecido com o que a querida Poetíssima pediu: escrevr 8 coisas sobre mim.entao la vai tudojunto mesmo:

-passional-apaixonada-inconformada-singular-livre-amigadasnuvens-intensa-ansiosa-radiante-extrovertida









esse ultimo, pede pra eu por a explicacao:
Verde: Simboliza os novos Amigos.
Amarelo: Representa a rodos os Amigos sempre ativos.
Azul: Simboliza nosso próprio status e o dos amigos com orgulho em alta.
Plataforma Vermelha: Simboliza que todos somos iguais, já sendo principiantes como os que levam um bom tempo no mundo do blogger, tudo isso se resume de uma única maneira, que todos temos a mesma cor, sangue e que todos somos irmãos.


E agora
indicados, hehe.
- madame (esses dois ultimos vc nao tem...)
- Tato
- Pequena poetisa
- Elis
- Desily
- Marcia (clarinha)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

ao sol.

eu peço que fiques.
nao consigo sobreviver com o gosto amargo da escuridão que vai tomando sutilmente meus membros..meu corpo.
quero a tua luz que invade e sorri meus olhos,boca, e pele, tomando de repente meus poros, fazendo meus cabelos dourados e meus passos seguros.
eu imploro que fiques.
as horas rastejam quando os ponteiros submersos no negro nao encontram farol ou alento, e à meia noite o ar rarefeito se esconde de mim...
quero teus braços de luz me envolvendo por inteira.
e eu já nao me sinto só com tua incrivel capacidade de deixar em brasa meus sentidos.
ah,eu peço que fiques de uma vez por todas, more aqui..dentro de mim.

terça-feira, 30 de junho de 2009

espera.

Esperando a sorte do amor tranquilo...suspiro Hildas, choro Caios, danço Vinicius, cantarolando Chicos e Toms. Vou vivendo entre bossas e rimas, dobrando a vida em flor, cultivando a lágrima próxima dos olhos, as vezes muda, com cara de misterio, as vezes contente com o que é mesmo fundamental,tentando expandir a alma, procurando um pouco mais de calma,deixando o coração bater no ritmo da vida, ora samba, ora chorinho... Acordo devagar para nao atropelar a existencia que cresce junto com o sol pelas paredes do meu quarto... assim eu vou embalando o corpo, mexendo as cadeiras, sussurrando poesias, e esperando..esperando..esperando...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

natural.

eu quero ter o orgulho natural de ter um corpo.
me segurar na descoberta da vida, onde o universo todo dança ao meu redor.
quero tanto entender (ou me perder) na dimensao dos meus braços e pernas, que somados a minha alma podem ultrapassar a racionalidade insegura de meus pensamentos mesquinhos tao enrraizados ao meu passado, quero abraçar de olhos abertos as infinitas possibilidades de um futuro surpreendente, e tao meu.
quero o orgulho natural de ter um corpo, a dança simples da espontaneidade de ser.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

sala-de-espera

Eu me vejo tremendo de medo nessa sala de espera, aqui meu coração bate forte e fundo, como se a multidao de sonhos falidos habitassem juntamente com os do porvir, e toda a população de choros e dores tivessem o peso de toneladas. aqui minhas costas doem, meus musculos reclamam; é pequena demais, o ar é rarefeito demais, e minha ansiedade é pesada demais pra mim.
Mas eu tento lembrar constantemente que a sala é apenas de espera, e eu posso sentir o cheiro das flores que vem vindo... posso sentir a calmaria logo ali dobrando a esquina...sussurrando meu nome. a esperança que vem convidando a eternidade para poetizar a vida comigo. o ar cheio de novidade circulando e beijando meu corpo...
Eu quero ver as cores mais vivas invadindo meu peito, quero dançar com as nuvens e os raios de sol a música que ecoa pelo universo ao meu redor; já posso quase sorrir sem peso nos lábios, já posso quase abrir meus olhos sem receio. depois que tudo isso passar... eu vou alçar os vôos mais altos, vocês vão ver, vou ter aquela paz sincera do amor tranquilo, do fim de tarde, do sono bom...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Viagem.

Então eu sento na minha cadeira cativa, onde o ângulo perfeito da minha janela continua sempre a me esperar. Inspiro o cheiro do café, tão meu, passo a mão sobre os relevos da capa do livro-do-dia, como que esperando que suas poesias morem em mim como tatuagem.
Introspectiva, sinto a mente borbulhar, memórias, realidades, fantasias, sonhos, danos, dores, choros, risos, saudades, vontades, e suspiros assumem seus postos, se seguram no meu corpo, nos meus cachos e nos meus olhos cansados, e decidem embarcar comigo nesta viagem, tão minha.
Fecho os olhos, sussurro à Deus orações avulsas, tão verdadeiras, e no interior do meu interior me cubro de silêncio. Somento eu no meu sossego hermético consigo enxergar coisas impossiveis a olho nu. Aqui não tenho máscaras, tão irreais, e minha nudez pálida é crua e sincera.
Depois levanto com horizonte saltando dos olhos e abraço a vida com gosto de aventura nos lábios.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Solitude.

Meu universo paralelo, meu cantinho particular. meu intermundo. meu espaço inconfundivel. Te encontro nos livros, nas bossas e nos sorrisos. Onde o tempo não tem relogio, onde as horas não se conhecem e o clima sempre tem cheiro de primavera. Ali, aprendo a me afogar em silencio bom, renascer em rimas e melodias, aprendo a como olhar pra dentro de mim e me deparar com a beleza, e com sonhos lindos que eu havia esquecido por conta das cicatrizes tão evidentes que vou adquirindo pelo caminho.
Ali, sinto meus pés deixando o chão bem devagar, a gravidade pedindo licença e impulsionando minhas asas...e de repente sou e e o azul. Infinitamente azul. E tudo o que eu quero: é morar nesse azul. cheio de paz. bonito demais.
Sinto o meu corpo todo se entregando, minha pele é beijada pelo sol , as nuvens me conhecem, e o vento passa sussurrando eternidades e poesias no meu ouvido.
Meu universo paralelo, passo o dia te procurando pelas ruas, nos olhares, nos sabores, nas palavras e segredos. Vens em entrelinhas, as vezes fora de contextos explicitos, e chegas assim...me arrebatando toda, me deixando boba e me dizendo que ainda é possivel sorrir.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Voz.

Eu quero a voz da verdade que quando usada transforma o mundo gris em arco-iris, transforma guerrilhas em paz, solidão em aconchego, e asfalto em jardim. Quero que ao falar a melodia desprenda cadeias, liberte cativos, salve crianças da escravidão e coloque sorriso no rosto dos velhos.
Poque me incomoda e eu não consigo disfarçar, me impulsiona em um grito de dentro pra fora, e subtamente quero falar e falar e não só babulciar banalidades.
Eu quero voz de mundança, de progresso, de novidade.
Que nao se segura, que não se abala. Que não se conforma com a injustiça e não procura seus interesses. Quero voz que seque lágrimas, adormeça pranto, acolha rejeitados, traga ritmo a corações roucos, tire dormencia da impessoalidade, que seja farol e devolva sonhos perdidos.
Quero voz de revolução, dessas sem armas com abraços e flores..voz que só vai cessar quando o universo inteiro estiver cantando a mesma canção.

terça-feira, 3 de março de 2009

desapego.

Eu te vi chorando atrás da porta. Quis abrir e te abraçar. Quis rir do passado e dizer que estava tudo bem. Quis te oferecer meu colo, meu ombro, minha paz.
Mas segurei as chaves contra o peito, derramei um pranto silencioso, e deixei a luz apagada.
Bateste algumas vezes na madeira com o punho fraco, e eu sentia meu próprio coraçao batendo mais devagar.
Não sei se essa tortura durou horas ou dias, meu relógio ficou na caixa de coisas que tive de devolver, mas depois disso veio o silêncio, e os passos na direçao oposta. Pedi aos céus que desanuviassem os meus olhos e que te levassem em paz por esse caminho desconhecido que existe por tras dessa porta, esse reino que parece crescer de dentro pra fora.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Despedida

Você veio andando na minha direção mas olhando distraído para o outro lado, percebi que mastigavas rosas vermelhas e tentei (em vão) me aproximar.
Passaste por mim direto, cuspindo as flores na calçada, comentando um par de honestidades sobre o tempo, o vento, a cor do dia...que talvez terminasse em chuva.
Sem entender muita coisa...segurei meu coraçao nas mãos, bem na frente do corpo, e lancei-o as núvens...esperando que dessa vez as asas estivessem enfim mais fortes.
Um cheiro novo invadiu a praça e eu sorri vendo girassóis e margaridas dançando em passeata. Decidi seguí- las. Te acenei um adeus meio timido, meio rouco, e tu sorriste com um ar de compreensão, abraçando um outro caminho da encruzilhada.
Depois disso a música das flores me tomou de dentro pra fora, era uma solo, uma dança de novidade, e nos lábios um gosto bom de lembranças guardadas em caixas de doce.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Dorzinha.

Tudo que eu queria hoje é que tu tirasses essa tristeza dolorida do meu peito. Agudinha. Fina. Pesada. Sufocante.

Que você contasse uma de suas histórias mirabolantes até meus olhos fecharem, embalando a minha alma na brisa do entardecer, susssurando poesias e versos e cançoes doces sobre mundos paralelos e primaveras que não se despedem.

Tudo que eu queria era que tua mão suave arrancasse esse câncer do meu peito, e com ele fosse embora meu olhar triste, meu andar pesado, e meus meios-tons que fazem minha voz desafinar.

Tudo o que eu queria hoje era que essa dorzinha virasse passado. e que flores do campo invadissem meu quarto cantando uma cançao nova... de levar mágoa, pesar, tristeza, maldade, sofrimento do mundo, crimes, doenças, inveja, ciúme, ...de levar tudo embora pra nunca mais voltar.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Estrábica.

Meus olhos eram coloridos como de camaleão. E eu queria teimosamente juntar o céu e a terra. Corria para a direita desejando ardentemente a esquerda, e quando alcançava esta... pensava o que poderia está acontecendo naquela. Eu abraçava o mar imaginando como seria o céu. Fiz planos de ir ao polo norte e acabei rumando ao extremo sul... quando almejei uma vida tranquila, meu corpo todo tremia por aventura... eu amei o leste olhando o oeste, quis engolir uma rosa dos ventos e parir o mapa mundi, um atlas ou quem sabe milhões de mim-mesma povoando os quatro cantos da terra...

Então fui ficando bem ali...no centro de tudo, querendo a esqueda e a direita, o alto e o baixo, o ceu e a terra, o bom e o ruim, a comodidade e a agitação. Fui ficando ali em cima do meu muro estático... no meio de tudo... com os olhos cansados de desejar totalidades, os braços doloridos de querer abraçar multidões. Fui ficando sozinha num ponto bem no centro do universo olhando todos as esquinas e desejando uma canto de novidade que fosse só meu.