terça-feira, 20 de abril de 2010

Dos dias de hoje.

Primeiro os terremotos. Depois as enchentes foram seguidas dos atentados. Acompanhados de tempestades absurdas, arrastões, explosões, dos vazamentos, dos assaltos em massa, depois saquearam simplesmente tudo, enfim, os apagões, a poluição sufocante, violências gratuitas e varias crianças mortas nas sarjetas.
Houve também as famílias se tratando como desconhecidos, a vegetação se recusando a acordar em primavera, o sol escurecendo sem eclipse. As chuvas ácidas, as pragas insistentes, as viroses aniquiladoras, a evasão, as lágrimas de sangue, e as palavras corrosivas.
Aconteceu exatamente assim, e posso inclusive dizer que muito mais que não deve ser dito em voz alta, pois logo em seguida houve a extinção dos dicionários, censura de palavras, queima de enciclopédias, o fim das conversas sem interesse, a abolição do jantar entre amigos, das cadeiras de balanço na calçada e dos telefonemas despretensiosos. A impessoalidade foi coroada: absoluta. E o horizonte já não era feito de sonho, foi esmagado pela realidade que doía desde os ossos até as almas densas demais, pesadas demais, feridas demais... Por fim, dormimos em silêncio, acordamos em silêncio.