terça-feira, 27 de outubro de 2009

Somática.

Do todo que me fere fica então a epiderme latejante gritando por explicações. Tento suavizar as setas flamejantes que atingem minha fortaleza de papel, que construí com minhas próprias mãos, e ressentimentos. Da cor que cega os olhos, dos gritos guardados no travesseiro, do espanto diante da realidade e dos olhos cansados demais, fica a lembrança desbotada e alguns soluços intermitentes. Não caibo mais em minha pele, não reconheço minha voz, e quando caminho na frente do espelho vejo resquícios e saudades do que não vivi, reminiscências amputadas pela sofreguidão impaciente de uma ansiedade tão minha...

7 comentários:

Antonio Carlos Junior disse...

O nosso pior perigo é a nossa inquietude, que chega com uma força tão voraz que pode nos consumir por completo...
E haja reflexão e força pra seguir em frente.
Teu texto, como sempre, é recheado de vida, de alma. Teu talento é inconfundível e logo vai ser reconhecido.
De um grande fã,
ACJR

ney disse...

Mas, marta, a ansiedade anda tão de todos nós, acho que ela é mesmo dos novos tempos. Já andei percebendo que, às vezes, ela é até sábia, dança conforme a música. Ando até entendendo ela melhor, fazendo umas alianças, já que é velha companheira. E não é que assim ela fica mais calma, não se sente tão culpada. Abraço/ney.

Lina. disse...

A semi-nudez de letras da escritora arranca palpitações do "leitor voyuer".
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Seus textos, Marta, despem-se aos poucos, mas nunca ao todo, deixando tão somente inúmeras frestas de corpo às vistas do leitor. São incríveis!

Ed Britto disse...

deixa queimar, vai parecer que dói, no final você vai gostar...

Pequena Poetiza disse...

compartilho contigo desses sentimentos por vezes tão nossos
de amargura e sofrimento
do se transcender
do rasgar a pele pra se expenadir
reformar o velho e gasto
da máscara que gora e cai
do que aquei falei como disse a principio coisas minhas q pensei a partir das suas

adorei a construção do texto


beijos

Diley Rodrigues disse...

eu também tenho andado com essa inquietude de ansiedade, não sei se é tão latejante das coisas que não vivi por acaso do destino ou premonição daquilo que estou por viver. toda ansiedade é tão urgente.

ps: eu gosto mesmo do teu blog e de ti, mesmo tão ausente.

Deisily de Quadros disse...

Todos os poros gritando...
Beijo, Marta.