terça-feira, 29 de setembro de 2009

latente.

Os raios intensos e alvos escorriam suas volúpias na pele áspera do asfalto, as nuvens caminhavam vagarosamente no azul, como se o tempo não possuísse gravidade, gravíssimos segredos guardados no céu, desejo dos pássaros versados em cantos.
Uma tarde absurdamente comum, o calor crescia inclusive nas almas, e o vento, quase raro, sussurrava inconseqüências testemunhadas na noite morna anterior. O suor impregnado nos poros dançava nas testas de homens e mulheres, crianças e velhos (o calor não conhece exceção) e gritava o cansaço da existência, que poderia ser percebido também pelo arqueamento dos ombros e os passos cada vez mais lentos.
E os meus olhos, ainda não acostumados com a claridade, pediam socorro pelos labirintos das ruas e a multidão opaca, tudo era a necessidade pulsante de ver nas sombras irreverentes, que brincavam de mudar de lugar por puro castigo aos homens, o refúgio para os membros exaustos, os segredos expostos, as diferenças explícitas e deformidades aparentes demais, que o sol,apático a tudo, insistia em expor.

12 comentários:

Antonio Carlos Junior disse...

Sua capacidade de me fazer imaginar cada linha do seu texto é impressionante.
Parabéns, vc é talento puro!
Um beijo, linda!

luanática disse...

Tenho certeza que é alguém perdido na luz. CERTEZA!

Começo agora a campanha " analisando textos Marta Silva", quem quiser participar por favor escrevam para:

luanazau@gmail.com

Conto com a participação dos leitoires!!!

Unknown disse...

O sol insistia em lançar seus raios claros sobre toda a extensão da rua vazia. Apenas o vento passeava solitario, mexendo com as folhas verdes das arvores e lançando pedaços de papeis ao ar. Seu corpo se movia lentamente, como se tivesse a dançar com o vento ao som de uma orquestra invisivel. Todos aqueles sons, acordes, melodias; todas aquelas imagens, espaços vazios, solidões... Já não havia mais vento pra soprar, raios de sol para clarear... e você permanecia bailando sobre o chão aspero da rua. E você rodou, girou, bailou enquanto algumas lágrimas intrusas percorriam sua face e caiam, despercebidas, no chão.

oi Marta. Estava com saudades de suas linhas, de seu espaço! Ando sumido da blogsfera, incluindo até mesmo o experimentando versos. O tempo corre depressa e há, sempre, milhões de coisas pra fazer e outras tantas, menores, porém belas que esquecemos de fazer.

Até mais,

Lucas Lima disse...

detalhista, rs, e quente, óbvio, rsrssrrs
bons dias

Lina. disse...

É bom acordar para ouvir Vander Lee e ler Marta Selva, numa manhã tranquila de primavera.

...Depois, é só cuidar das coisas do corpo, que a alma já estará revigorada.

Nanda Bissiati disse...

Que saudades desse canto... ta tudo tão novo aqui! Feliz :D:D:D

Beijos Menina que quero um livro :D:D:D

Srtª Elis° disse...

AHH ... que coisa mais bela.. de se escrever são sensações ...né...srsrs as vezes sinto isso tb não sei expressar assim tão bem....
xeroo flor!

H L disse...

tem selo pra ti no meu blog


^^


bjos!

Palazo disse...

Seu texto pulsa, mas não consigo definir algo para comentar... apenas sei que li 3 vezes e senti uma pulsação forte, um bater acelerado...

Camila disse...

mto bom, um texto empolgante.


bejos

R. Valente disse...

Que texto interessante… Por trás da beleza da prosa, creio que o sol aparece como um agente de revelação/purificação para o eu lírico. O sol é um símbolo que chega a ser um arquétipo, por ter um significado universal in lato sensu. Entretanto, parece que ele (o eu lírico) foge ou fica perdido por causa da luz, como já sugeriram; cheguei a lembrar de Platão em seu mito da caverna e de Lovecraft*, que num diálogo textual bem resumido, retrata os primeiros momentos que alguém viu o sol - depois de anos na treva sendo iluminado por um facho de luz (Platão) -, mas que quando sai dessa treva, “assusta-se” com a revelação de verdades - dada pela junção de conhecimentos -, que se abrem em visões indesejáveis sobre a realidade e sobre nós mesmos... (Lovecraft), traduzindo do inglês com certo eufemismo.

Que viagem... Existem outras coisas que meditei também, pena aqui não tem espaço pra escrever. rsrs Fora que cheguei a identificar-me, pois passei por algo parecido com um símbolo, já faz um tempo.

Bjo

*The Call of Cthulhu.

Jana disse...

lindo menina, como sempre por aqui...

beijos