sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Onírica - Parte 1

Ela sempre repetiu o mesmo ritual. Noite após noite lê aquele livro de princesas e fadas, beija-lhe a capa, e deixa uma única lágrima saudosa escapar de seus olhos azul-mar em calmaria. Vestida com sua blusa branca surrada, abraça o travesseiro, respira fundo, e desliga-se deste mundo cruel.Sono profundo, providencial.

Ao longe avista seu pai, desbravador de terras longínquas; ele grita seu nome doce brincando com o eco que se manifesta em diversas vozes, e corre no intuito de abraçá-la. No meio da correria para o encontro, do sorriso sincero e da saudade latente, um lençol azul escuro é estendido, e como em uma mágica, um novo universo se abre, dentro dele estrelas brilham ofuscantes, e a gravidade é uma menina sapeca que gosta de voar: - Moça, mais uma vez você por aqui! - Por favor, dessa vez deixa eu abraçar o meu pai.

E um riso contagiante se espalha em gargalhadas diversas de todos os tons e ritmos, e ela mergulha de cabeça neste universo onde mundos e luas brincam de esconde-esconde, onde a cada sorriso surge mais um ponto brilhante no infinito, e lembranças tristes se retiram sem reclamar.

Desperta subitamente a moça de cabelos de raios de sol se levanta em um salto, suspira, desliga o despertador impertinente, agradece em voz alta por ter um corpo são e pelo novo dia, e começa a se arrumar para mais uma rotina. Sozinha, caminha para o trabalho, e vê as cores do mundo que lhe rodeia. Em tudo imagina poesia,quadros e caricaturas, não tem vergonha de rir abertamente no ônibus, e de pular bem em cima das poças feitas pela chuva da madrugada, a única coisa que lhe atormenta é aquela saudade latente que dói como uma pontada bem no meio do coração, uma vez chegou a jurar que até os seus fios de cabelo gritavam de saudade, sua antagonista. A única capaz de tirar a leveza do seu caminhar. Céus, como ela pesa!

Quando criança achava que vivia em uma outra dimensão, seu pai costumava lhe contar todo tipo de história, as inventadas e as que ainda estão por inventar, dizia que ela era uma princesa de reinos e rimas distante e raras, e um dia voltaria para seu lugar. A menina sempre sonhou com contos de fadas ou não, pois o que importa é ter o que contar. Ela sempre teve uma visão mais colorida do mundo. Seu pai era um herói imbatível, sua mãe uma charmosa rainha, seu cachorro um alazão, e tinha certeza que seus peies podiam falar. O dia do seu aniversario era sempre uma surpresa, seus pais todo ano preparavam algo inesperado e no final de tudo se deleitavam com bolos de chocolate, balas e balões, a alegria era tão forte que poderia ser sentida pelo perfume gostoso que fluía das risadas espalhadas pelos cômodos. A casa já fora transformada em palácio, em fundo do mar, em céu, em circo... Tudo era possível para ela. Ninguém jamais ousou dizer a ela que seus brinquedos não tinham vida própria, ou que o vento não sussurrava segredos do universo, muito menos que não existiam elfos no seu quintal, inclusive, quem é que duvidaria de suas palavras? Tudo isso sempre foi tao real...


21 comentários:

Anônimo disse...

esse texto me deu uma saudade absurda do meu pai!

Beijos

Anônimo disse...

Texto lindo sobre saudade...
só vejo o meu pai nos fins de semana, pq ele trabalha fora.
Assim como a menina do texto, sempre que o vejo chegando, corro e vou abraçá-lo; ele tb é uma espécie de herói p mim!!

PS: seu link aparece no meu blog faz tempo, falta vc me linkar tb ;D

;**

Anônimo disse...

adorei o texto sobre 'Saudade'

me linka ai :D

Anônimo disse...

Meu pai sempre foi meu príncipe encantado, eu chamava ele de meu namorado quando era pequena. Eu tinha um terrível medo de abandoná-lo algum dia.

Acreditar em contos de fada faz bem pra imaginanção e pra alma. :))

Beijos e boas festas pra ti, viu Marta?
;*

Anônimo disse...

Martita, não li o texto ainda, passei hoje pra desejar Feliz Natal, mas vou ler assim que eu voltar, na quarta-feira!
Ó, então Feliz Natal pra tu e tua família, tudo de bom, muita paz e amor! E que 2008 seja o ano das tuas boas realizações!Obrigada por tudo!
Muitos beijos!

Anônimo disse...

Eh verdade
Bjus

Anônimo disse...

q lindo! ;/ =~~
aahh eu viajo qdo leio seus posts!

bjo =*

Anônimo disse...

Lindo...

O poder dos sonhos, do desejo de ser, existir...

Saudade...tbm tem força...

bjus moça =)

Anônimo disse...

Os sonhos tornam o nosso mundo mais real. Sem eles tudo seria concreto, sem vida.

Meu pai e eu somos mais parecidos do q ousamos admitir, o q nos aproxima e afasta em igual proporção.

Bjo

Anônimo disse...

já falei que adoro sua foto com o lápis? a.d.o.r.o! rs...
Linda, que vc tenha um Natal fantástico, vc e sua família!
Bjocas mil!

Anônimo disse...

Que lindo, Martita.

Que o sonho sempre faça parte, sempre, sempre.. e seja ele a realidade.

Querida, desejo a vc tudo de melhor neste Ano Novo que chega e muita luz e amor no Natal e estenda-se pelo ano todo.

Beijos

www.oncoto.erikamurari.com.br

Anônimo disse...

Muito bom. Ele tem um pouquinho de mim, ou eu dele... Tanto faz.

Beijos

Anônimo disse...

Necessitamos do sonho para nos alimentar e a saudade é a certeza de que vivemos, que fizemos e que fomos felizes.
Feliz Natal flor, carinho meu procê e todos os seus.
beijos

Anônimo disse...

eu li esse texto todo, e posso garantir que é um dos melhores que já sairam de ti.

:*

Anônimo disse...

marta,me add no msn que vou fazer um lay pra ti!
adoro seu blog!
alice.voll@gmail.com

Anônimo disse...

Marta querida, passando pra te desejar um Feliz Natal e tudo de bom pra você ;)
Beijos ;***

Anônimo disse...

Passando pra te desejar um lindo natal e um 2008 de paz e luz!
Bjinhos!

Anônimo disse...

Feliiz natal!!

=**

Anônimo disse...

O lay novo é o que está faltando aqui!


Marta, teu blog foi uma calmaria!
Em meio a tantos diários encontro algo de valor literário!

(estou assim, porque meu blog está um verdadeiro diário online. estou cega demais para ler e ser influenciada por poesias... cadê meu professor que não me manda fazer redações? [seria a crise das férias?])

Anônimo disse...

Lindona, desejamos um 2008 dupiru pra vc!
Bjocas!

Anônimo disse...

Vida propria é tudo que precisamos
Pra nós e pra nossa imaginação