"Muitos guarda-chuvas se abriram, crentes, talvez, que eram flores, já que não é característica de guarda-chuva ter conhecimento de que só se abre porque é aberto...."
(adriana falcao - comedia dos anjos)
"Muitos guarda-chuvas se abriram, crentes, talvez, que eram flores, já que não é característica de guarda-chuva ter conhecimento de que só se abre porque é aberto...."
(adriana falcao - comedia dos anjos)
O tempo é o amigo e o estranho. O doutor e o amante, a foice e o algoz. Aplaudimos e sufocamos, contamos com lágrimas e medimos com sorrisos. O tempo é o vento, e o vento é poeira fina que fica dentro dos olhos.
Tempo é aquele que acarinha o enfermo, satisfaz os ponteiros em sua dança louca e desvairada, mas se perde entre sussurros apaixonados e melodiosas canções de serenatas. Tempo é aquele que mostra que feridas purulentas e profundas são suas companheiras fiéis, e que dores latentes e proibidas fazem parte do seu show de atrocidades.
Chorem alto, lamentem nas vigílias. Doce e amargo é o gosto de quem se submete.
Desequilibrados constantes, aprendendo com noites e dias que duro e enfadonho é o seu penar. O tempo se vai, e não se despede.
Chorem alto, lamentem-se, infames submissos. Tempo é um deus cruel que brinca com suas armadilhas ardilosas e ri gargalhadas corrosivas quando nos prende em uma de suas teias.
Tempo é o vento, e vento é poeira fina que fica dentro dos nossos olhos; uma vez que piscamos e descobrimos que já não somos mais meninos. O tempo se vai, e não pede passagem.
Eu me tornei co-participante das solidões terrenas. Sinto secretamente as lágrimas constantes em rostos esquálidos,cheios de olhos abandonado e sonhos frustrados. Tenho inocentemente um coração pesado, cheio do vazio de transeuntes. Sou o zero a esquerda, sou uma folha a mais caída no chão. Respiro por obra do acaso e piso com cuidado em solos duvidosos que chamam de vida... Não consigo encontrar alento, minha alma é celacanto em meio à multidão usual.
Não me escondo dentro de mim, o frio de meus pensamentos envoltos em solitudes alheias já não me satisfaz, me alimento no secreto de minhas conclusões insolentes,já não conheço virtudes. Sou o sussurro absurdo dentro da discussão, sou o espaço do olhar entre o adeus e o finito. Sou aquela ponta de rancor no meio do amor, sou o medo persistente que assombra o vencedor, o canto que sobe das ondas e afunda embarcações. Sou detalhe. Sou um todo. Sou o simples desespero.
Acordei de subto. A dor de cabeça surgiu exatamente na hora que abri os olhos e me deparei com tamanho clarao, quase fico cego com todo o impacto luminoso, branco, um vazio brilhoso e eu.
Deitado com o rosto em terra, me apoei na mas minhas maos, braços fracos, tremeram, fraquejaram, ate que consegui me suspender, as pernas não respondiam.Pânico. Gosto de sangue na boca. E uma dor de cabeça aguda e constante.Será que dessa vez até os meus sonhos me traíram?