Os raios intensos e alvos escorriam suas volúpias na pele áspera do asfalto, as nuvens caminhavam vagarosamente no azul, como se o tempo não possuísse gravidade, gravíssimos segredos guardados no céu, desejo dos pássaros versados em cantos.
Uma tarde absurdamente comum, o calor crescia inclusive nas almas, e o vento, quase raro, sussurrava inconseqüências testemunhadas na noite morna anterior. O suor impregnado nos poros dançava nas testas de homens e mulheres, crianças e velhos (o calor não conhece exceção) e gritava o cansaço da existência, que poderia ser percebido também pelo arqueamento dos ombros e os passos cada vez mais lentos.
E os meus olhos, ainda não acostumados com a claridade, pediam socorro pelos labirintos das ruas e a multidão opaca, tudo era a necessidade pulsante de ver nas sombras irreverentes, que brincavam de mudar de lugar por puro castigo aos homens, o refúgio para os membros exaustos, os segredos expostos, as diferenças explícitas e deformidades aparentes demais, que o sol,apático a tudo, insistia em expor.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
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12 comentários:
Sua capacidade de me fazer imaginar cada linha do seu texto é impressionante.
Parabéns, vc é talento puro!
Um beijo, linda!
Tenho certeza que é alguém perdido na luz. CERTEZA!
Começo agora a campanha " analisando textos Marta Silva", quem quiser participar por favor escrevam para:
luanazau@gmail.com
Conto com a participação dos leitoires!!!
O sol insistia em lançar seus raios claros sobre toda a extensão da rua vazia. Apenas o vento passeava solitario, mexendo com as folhas verdes das arvores e lançando pedaços de papeis ao ar. Seu corpo se movia lentamente, como se tivesse a dançar com o vento ao som de uma orquestra invisivel. Todos aqueles sons, acordes, melodias; todas aquelas imagens, espaços vazios, solidões... Já não havia mais vento pra soprar, raios de sol para clarear... e você permanecia bailando sobre o chão aspero da rua. E você rodou, girou, bailou enquanto algumas lágrimas intrusas percorriam sua face e caiam, despercebidas, no chão.
oi Marta. Estava com saudades de suas linhas, de seu espaço! Ando sumido da blogsfera, incluindo até mesmo o experimentando versos. O tempo corre depressa e há, sempre, milhões de coisas pra fazer e outras tantas, menores, porém belas que esquecemos de fazer.
Até mais,
detalhista, rs, e quente, óbvio, rsrssrrs
bons dias
É bom acordar para ouvir Vander Lee e ler Marta Selva, numa manhã tranquila de primavera.
...Depois, é só cuidar das coisas do corpo, que a alma já estará revigorada.
Que saudades desse canto... ta tudo tão novo aqui! Feliz :D:D:D
Beijos Menina que quero um livro :D:D:D
AHH ... que coisa mais bela.. de se escrever são sensações ...né...srsrs as vezes sinto isso tb não sei expressar assim tão bem....
xeroo flor!
tem selo pra ti no meu blog
^^
bjos!
Seu texto pulsa, mas não consigo definir algo para comentar... apenas sei que li 3 vezes e senti uma pulsação forte, um bater acelerado...
mto bom, um texto empolgante.
bejos
Que texto interessante… Por trás da beleza da prosa, creio que o sol aparece como um agente de revelação/purificação para o eu lírico. O sol é um símbolo que chega a ser um arquétipo, por ter um significado universal in lato sensu. Entretanto, parece que ele (o eu lírico) foge ou fica perdido por causa da luz, como já sugeriram; cheguei a lembrar de Platão em seu mito da caverna e de Lovecraft*, que num diálogo textual bem resumido, retrata os primeiros momentos que alguém viu o sol - depois de anos na treva sendo iluminado por um facho de luz (Platão) -, mas que quando sai dessa treva, “assusta-se” com a revelação de verdades - dada pela junção de conhecimentos -, que se abrem em visões indesejáveis sobre a realidade e sobre nós mesmos... (Lovecraft), traduzindo do inglês com certo eufemismo.
Que viagem... Existem outras coisas que meditei também, pena aqui não tem espaço pra escrever. rsrs Fora que cheguei a identificar-me, pois passei por algo parecido com um símbolo, já faz um tempo.
Bjo
*The Call of Cthulhu.
lindo menina, como sempre por aqui...
beijos
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