terça-feira, 30 de março de 2010

(des)exatidão

Se eu me deparo com o vento é indecifrável o meu deslumbre, eu, feita de rosas, tenho um gosto vermelho e andar sombrio,mistério. As brisas caminham pelo meu corpo e eu me faço cata-vento, procuro tempestades, bebo pingos salgados de nuvens escuras, deixo o sol-amante me beijar inteira, sem máscaras. Giro roda, sou norte. Giro rima, sou sul. Sou todos os caminhos trôpegos demais para se trilhar. Sou rosa, sou beija flor. E tenho uma fome insaciável por mais, mais um pouco de tudo, sou filha do amanhã, mãe do hoje, dona do ano que vem... Engulo séculos, devoro dias, dou luz e trevas aos próximos segundos. Feita de interrogações e reticências, possuo em minhas mãos o essencial, o direto, verdadeiro,torto e o estranho. Proporcionalmente abstrata, sublimemente tangível. Vivo dentro do peito e brilho intocável no céu.

terça-feira, 16 de março de 2010

Volver.

meus lábios não serão selados outra vez, tenho enfim a língua livre de cadeias e os pulsos sem correntes; o gosto antigo de ferrugem e o medo de já não saber falar foram superados com o canto imediato da liberdade, num impulso antes desconhecido, onde todo meu corpo parece gritar em uníssono: vida.
e não há quem sufoque a minha música, não há quem acorrente o novo ritmo que dança dentro do meu peito. a novidade invade sem deixar resquícios do que outrora evidenciava a escravidão.
hoje vivo como quem sonha. enfim, livre.