Primeiro os terremotos. Depois as enchentes foram seguidas dos atentados. Acompanhados de tempestades absurdas, arrastões, explosões, dos vazamentos, dos assaltos em massa, depois saquearam simplesmente tudo, enfim, os apagões, a poluição sufocante, violências gratuitas e varias crianças mortas nas sarjetas.
Houve também as famílias se tratando como desconhecidos, a vegetação se recusando a acordar em primavera, o sol escurecendo sem eclipse. As chuvas ácidas, as pragas insistentes, as viroses aniquiladoras, a evasão, as lágrimas de sangue, e as palavras corrosivas.
Aconteceu exatamente assim, e posso inclusive dizer que muito mais que não deve ser dito em voz alta, pois logo em seguida houve a extinção dos dicionários, censura de palavras, queima de enciclopédias, o fim das conversas sem interesse, a abolição do jantar entre amigos, das cadeiras de balanço na calçada e dos telefonemas despretensiosos. A impessoalidade foi coroada: absoluta. E o horizonte já não era feito de sonho, foi esmagado pela realidade que doía desde os ossos até as almas densas demais, pesadas demais, feridas demais... Por fim, dormimos em silêncio, acordamos em silêncio.
terça-feira, 20 de abril de 2010
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8 comentários:
Fugimos do desespero correndo em direção ao descontrole. Essa vida é um caos que, ao invés de cessar, só piora.
ps.: falas bem sobre o atual, e da msm forma sublime que falas do que sentes.
é tudo o que se aproxima e nos espera.
ainda insisto em dizer que já estamos dormindod esde já... nesse silêncio diante do caos.
beijos
Pois é, Marta...esse negócio de famílias se desconhecendo é muito real...o mal do século é a solidão...
Bjos,
Paulinha
Marta, Marta...
O que lhe consome com maior voracidade: os problemas do mundo ou os seus problemas internos?
Gostei do texto!
Até!
Demorei, mas aqui estou...
É, Marta, acho que já passou a hora de despertar e de fazer ecoar o NÃO para tantos fantasmas que vêm nos assombrando e o SIM para a vida.
Beijo.
Sobrevivência faz nosso silêncio...manco modo de fingir que está tudo bem.
lindo dia flor
beijos
"O fim das conversas sem interesse, a abolição do jantar entre amigos, das cadeiras de balanço na calçada e dos telefonemas despretensiosos."
O princípio do fim acontece quando não há mais a comunicação entre as pessoas, como realmente deveria-se ter.
Então volto a não usar o meu fone em momentos que eu posso usufruir dos sons deliciosos e incomparável das pessoas.
Concordo plenamente.
Que voltemos a ser despretenciosos desde as mínimas coisas.
Excelente texto.
Minha vez de perguntar: por onde andas, garota?
Beijo.
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