Noite, quero beber teus segredos que me descem em forma de orvalho. Quero tua música sombria e triste trazendo uma modesta melancolia a meu coração. Noite, minha noite, quero a poesia da tua sutileza, que invade meu céu e minha alma, e traz um alento no meio da minha solidão.
Quero mais que tudo o teu contraste, de ser tão escura e tão brilhante, e ter a vida da lua em tuas mãos. Quero tua força que cala o sol, e teus suspiros de paixão que fazem os românticos se encantarem por tudo, e teus gritos de horror, que medrosos correm em desespero. Quero que me acompanhes vadia e nua pelas ruas envoltas em madrugada.
Noite, minha noite, quero-te só minha. Roendo e correndo meu canto que só exite na tua presença. Porque noite, minha noite, só contigo eu encontro a solitude da velha canção da natureza. E o lirismo da horas más que avançam com a tua neblina que já está por se desfazer...