terça-feira, 16 de dezembro de 2008

adjacente.

Hoje, quando acordei, tive medo de minha existência escorregar para baixo da cama. Segurei com força um tantinho de ar que me restava, apertei o colchão com dedos, e clamei aos céus e terras que o mundo parasse de girar.Gritei a minha alma delgada que não se fosse, por favor não. E chorei algumas lágrimas de desespero jurando coisas que não sei se posso cumprir. Meu corpo parecia está sendo esmagado e eu me apegava aquela pontinha de ar. Peito arfava. Pernas se contociam. Dedos já quase brancos por não aguentar segurar.
E enfim, larguei.
Um silencio. Um cicio antigo, amigo, entrou no meu quarto, eu ainda de olhos fechados senti o sussuro que passou pela minha nuca, entrou pelo meu ouvido, acordou os poros da minha existência com afeto e deixou um cheiro bom de novidade pela minha boca.
Quando abri as pálpebras já doloridas tive medo de ter sumido de vez...então... senti o calor de alguns raios de sol que deixavam meu quarto dourado, vi a poeria dançando na luz, e quando estiquei meus olhos para a porta...minha alma tinha um sorriso de criança e me chamava veementemente para um novo dia..mais uma vez.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

sobre o Negro.


Quem conhece o Rio Negro sabe bem sobre o que Vera do Val tem a dizer. O brilho que Negro e suas águas bailarinas adiquirem ao se misturarem com os raios do sol e o segredo dos peixes multicoloridos. O poder de ser macho, fecundador, negro, de ser tão vasto e inóspito, encantador e galante. Ser forte e apaixonante, e ter um gosto suave de aventura.
Quem conhece o Negro e se vê espelhado em suas águas profundas, que dançam livres em coreografias lindas quando se encontra com o vento ou a lua, sabe bem o que é ser filho do Rio, amigo de Boto, amante de árvore, suado de amor. Ter o bafo quente da rua na nuca, uma chuva repentina que gruda no corpo com o suor, o gosto de peixe frito com farinha, e também o orgulho de zelar pelo que é seu, mesmo sendo pouco...
Vera do Val, mais do que sábia em suas palavras e olhares, denuncia, relata, ama, goza, suspira, delata, grita, conta, geme, descreve e seduz com seus contos que são bem mais do que lendas ou histórias de fim de tarde na beira do rio, são verdadeiros retratos poéticos de um povo que é tão apaixonado por essas águas escuras e misteriosas, e ao mesmo tempo tão maravilhado pelo mundo de Brad Pitt.