quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Onírica - parte 2

Anos iam se passando, ela ia crescendo em graça e estatura, brincava dizendo que quando crescesse ia ser contadora de história, depois que ia ser uma fada azul, um dia confessou querer ser astronauta, no outro advogada de personagens de história em quadrinhos, mas secretamente confidenciava a suas bonecas que, na verdade, preferia era não crescer. Suas imaginações e fantasias não paravam, na mesa tinham de deixar um lugar para o Rei da Terra dos Dragões-Arrependidos, no outro dia jurava ter visto as nuvens apresentando espetáculos com os raios de sol, relatava conversas enormes que tivera com seus peixinhos, explicava problemas acontecidos no mundo das fadas. Mas adolescência ia chegando, e sua mãe não concordava com seu pai, que ao invés de começar a tolir a fértil imaginação da filha, insistia em fazer comnque ela criasse cada vez mais mundos e fundos em sua mente.

Um dia, o pai chegou com seu presente de 15 anos, era um livro lindo sobre princesas e reinos, letras douradas, na primeira página uma linda dedicatória. Porém, escondida no armário, ouviu uma discurssão de seus pais sobre ela. Engoliu o choro teimoso e prometeu para si mesma que iria se controlar para não ser descoberta. Entao, ouviu o estrondo da porta da frente sendo batida com força, e logo em seguida, um barulho ainda maior, imediatamente gritos de socorro, ajuda, ajuda, alguém ligue para ambulância. Mas, ela não precisava ir lá fora, correu para o quarto, abraçou o livro, e falou em voz alta para quem quisesse ouvir, seu pai jamais morreria! (pelo menos, para ela).

Neste dia, decidiu que não faria sua mãe sofrer mais, se era por ela que seu pai bravamente lutava, ela mesmo colocaria um ponto nisto, e entao, se calou. Deixou sua imaginaçao viver apenas dentro de si mesma. Dia após dia sufocava seus unviersos, amordaçava seus brinquedos, e os trancafiava em sua mente.

A partir daí, toda noite era assim. O livro. A saudade. O sono. O sonho. O universo. O lençol azul escuro. A gravidade. O susto Despertador.

Hoje a saudade estava tao dissimulada que tudo que olhava parecia rir da sua dor. As nuvens da ida pra o trabalho, as conversas nas repartiçoes, as músicas do vizinho, até a sopa de letrinhas que comera antes de dormir!

Mas esta noite seria diferente. Ela pensara em um plano.

Leu seu livro quase sagrado, beijou-o-lhe a capa, porém, não chorou. Deitou-se e e viu seu pai, ouviu seu nome e o eco brincando, e avistou seu heroi correndo em sua direção, entao, gritou:

- Nãaaao!

Subitamente o pai freia. Ela sorri nervosa, poucos metros de distância os separam.

- Pai, o senhor consegue voar?

Ele balança a cabeça positivamente.

- Então, sobe, sobe o mais alto possível, e ... espera por mim.

O lençol azul escuro vem vindo do céu, o pai e a filha correm desesperadamente para direções opostas, o pai alça vôo, e a filha, que quase já não consegue respirar, acorda em um salto. Corre em uma aflição extrema com o pouco de fôlego que tem, alcança a rua e olha inquieta para todos os lados, a rua está deserta, e a madruada desponta, o seu ar é rarefeito, mas ela precisa lutar! Enfim, avista o vendedor de balões do parque, não conseguindo conter as lágrimas ela compra todos os balões coloridos, grandes e pequenos, azuis, cor de rosa, vermelhos, amarelos e brancos, em forma de coraçao, de estrelas e borboletas; segurando com toda a força, a pouca que lhe resta, a emoçao lhe deixava quase asmática, entao salta, e finalmente, ganha o céu.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Onírica - Parte 1

Ela sempre repetiu o mesmo ritual. Noite após noite lê aquele livro de princesas e fadas, beija-lhe a capa, e deixa uma única lágrima saudosa escapar de seus olhos azul-mar em calmaria. Vestida com sua blusa branca surrada, abraça o travesseiro, respira fundo, e desliga-se deste mundo cruel.Sono profundo, providencial.

Ao longe avista seu pai, desbravador de terras longínquas; ele grita seu nome doce brincando com o eco que se manifesta em diversas vozes, e corre no intuito de abraçá-la. No meio da correria para o encontro, do sorriso sincero e da saudade latente, um lençol azul escuro é estendido, e como em uma mágica, um novo universo se abre, dentro dele estrelas brilham ofuscantes, e a gravidade é uma menina sapeca que gosta de voar: - Moça, mais uma vez você por aqui! - Por favor, dessa vez deixa eu abraçar o meu pai.

E um riso contagiante se espalha em gargalhadas diversas de todos os tons e ritmos, e ela mergulha de cabeça neste universo onde mundos e luas brincam de esconde-esconde, onde a cada sorriso surge mais um ponto brilhante no infinito, e lembranças tristes se retiram sem reclamar.

Desperta subitamente a moça de cabelos de raios de sol se levanta em um salto, suspira, desliga o despertador impertinente, agradece em voz alta por ter um corpo são e pelo novo dia, e começa a se arrumar para mais uma rotina. Sozinha, caminha para o trabalho, e vê as cores do mundo que lhe rodeia. Em tudo imagina poesia,quadros e caricaturas, não tem vergonha de rir abertamente no ônibus, e de pular bem em cima das poças feitas pela chuva da madrugada, a única coisa que lhe atormenta é aquela saudade latente que dói como uma pontada bem no meio do coração, uma vez chegou a jurar que até os seus fios de cabelo gritavam de saudade, sua antagonista. A única capaz de tirar a leveza do seu caminhar. Céus, como ela pesa!

Quando criança achava que vivia em uma outra dimensão, seu pai costumava lhe contar todo tipo de história, as inventadas e as que ainda estão por inventar, dizia que ela era uma princesa de reinos e rimas distante e raras, e um dia voltaria para seu lugar. A menina sempre sonhou com contos de fadas ou não, pois o que importa é ter o que contar. Ela sempre teve uma visão mais colorida do mundo. Seu pai era um herói imbatível, sua mãe uma charmosa rainha, seu cachorro um alazão, e tinha certeza que seus peies podiam falar. O dia do seu aniversario era sempre uma surpresa, seus pais todo ano preparavam algo inesperado e no final de tudo se deleitavam com bolos de chocolate, balas e balões, a alegria era tão forte que poderia ser sentida pelo perfume gostoso que fluía das risadas espalhadas pelos cômodos. A casa já fora transformada em palácio, em fundo do mar, em céu, em circo... Tudo era possível para ela. Ninguém jamais ousou dizer a ela que seus brinquedos não tinham vida própria, ou que o vento não sussurrava segredos do universo, muito menos que não existiam elfos no seu quintal, inclusive, quem é que duvidaria de suas palavras? Tudo isso sempre foi tao real...


terça-feira, 18 de dezembro de 2007

aquela música.

eu fiz aquela música para tirar um sorriso dos teus lábios. ver tua boca se mexendo, impulsionando os músculos, ate aparecer teus dentes e ouvi uma risada, a mais baixa que seja...
porque eu nao consigo suportar o teu rostinho fechado, e teus olhos úmidos constantemente.
eu fiz aquela música para invadir teu peito e dar um novo ritmo para o teu coraçao que anda tão fraquinho.
porque se teu meio-tom-de-fim-de-festa faz você cantar somente preocupações, eu quero chegar com um samba, um reggea, rock ou baião, para ver teu corpo balançando num novo refrão, estrofe, acordes, arpejos e viradas.
eu fiz aquela música para teu dia amanhecer ensolarado, porque uma hora esse tempo de chuva tem de acabar. e com aquelas notinhas que escolhi com cuidado, eu quero ouvir tua voz me acompanhando devagarinho, devagarinho, até que eu veja você se entregando com todo volume que vem de dentro de ti, por inteiro.
eu fiz aquela música para sentir você de novo dançando comigo, numa mesma balada, num mesmo suspiro. porque para mim a vida vira festa quando te canto e te balanço, porque só você consegue ouvir essa melodia que surge do meu coraçao quando eu te vejo.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

receita.

para miopia, óculos.
para soluço, água ou prender a respiração.
para folhas secas, estação.
pra dor na garganta, hortelã.
para dores no coração, paciência.
para palavras difíceis, dicionário.
para luz, eletricidade.
para feriados, diversão ou descanso.
para respostas, perguntas.
para gangorra, dois.
para mudanças, coragem.
para roupa suja, sabão.
para solidão, amizades.
para boas notas, estudos.
para romatismo, luz de velas.
para sol, praia.
para você, eu.
e para amor, ...você.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

acidente de percurso

- Eu disse pra você! Eu disse!
- Mas... mas.. eu não sabia que ia ser exatamente assim.
- Eu cansei de falar: nao solta as mãos assim logo de início, e se possível, fecha os olhos!
- Mas, é que a ansiedade, o frio na barriga, saber que a ladeira tava próxima, e.. era coisa demais para ver!
- Eu sei disso, mas agora você ta aí..assim..
- Por que? Por que doi tanto?!
- Porque a vida as vezes pesa demais, e recebe-la assim, de uma vez, pode ser até mortal!!
- Mas...por que?!
- Porque se tudo fosse leve demais, a gente nunca ia aprender a ficar forte!
- MEU CORPO TODO TA DOENDO!!
- ... (risos leves)
- O que foi agora? ( voz engasgada com gosto de lágrima)
- Eu sei (braços ao redor do outro corpo trêmulo), por mais que tenha milhões de avisos... é inevitável.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

hoje.

eu queria sair pela rua!
revestida de coragem.
trajada de intrepidez.
com olhos ternos
e cheios de mistérios
com palavras reais
e significativas.
queria correr pelas favelas e bairros nobres
queria sentar na sarjeta e conversar com reis
um discurso de vida plena, abundante
que arrebatasse os coraçoes
Ter um grito de esperança
desfazendo esse peso de existir.

ah.. eu queria sair pelos becos
queria adentrar portões
subir em palanques
e estar em todas as televisões.

dizer, enfim, que ainda é possivel sorrir
e esse vazio...banir!
e viver uma paz descomedida que transborda
e vira vida
e toma as ruas,
e vira rima, vira cançao
por nao caber em uma só palavra
ou em um só coraçao.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O reino do Sol.


Sem perceber estava eu andando pelo reino do Sol. De início meus passos ainda se encontravam como intrusos e tive vergonha de avançar. Tudo era extremamente diferente de mim. E depois de alguns passos, comecei a admirar o local. Um estalo de vida me acordou e o reino do Sol me chamava cada vez mais forte. Algumas horas depois eu caminhava como quem acaba de nascer, obsorvendo cada detalhe a minha volta. Ora era eu, adorando a realidade que me cercava. Ora era meu corpo com orgulho de simplesmente existir. O reino do Sol em mim. Eu no reino do Sol.

Ao longe, me deti em um campo imenso, eram flores vermelhas e laranjas, amarelas e brancas, como tudo ali. Provei de frutos ardentes, fogueiras de vida nasciam por dentro. Tentando não me queimar com tanta beleza, dancei uma música nova entre elas, intensa, impetuosa, sua melodia me elevava, sua letra me emocionava, sua dança era pulsante no meu peito; sou capaz de jurar ter ouvido as flores, as árvores, os galhos me companhando em meu canto de novidade. Era beleza demais para se calar. Um vulcão de melodia erupcionava pelos meus poros, em tudo eu escutava aquela canção borbulhando notas de fogo, ritado seus sons ardentes ao mundo.

Exausta, sentei a beira de um lago tépido, febril, levei aquela água ao meu rosto, deixando os pingos quentes descerem calmamente pela minha pele, e não conseguindo me conter, deitei seu manto sobre mim, primeiro tomando meus pés, em seguida minhas pernas, meu peito, até que todo meu corpo foi envolto por uma corrente de calidez. Um renovo. Novo. Uma vida em brasas.

Voltando a estrada, percebi-me distante demais.Porém, optei por continuar o passeio, ali já não existia nada que me assutasse, tudo era o Sol, e de fato, nos conhecíamos bem, anos e anos acordando com seus beijos em forma de raios, aquecendo meus dias, fervendo meu ser.

Andei sem rumo fotografando mentalmente o máximo de vida que eu pudesse aguentar. O calor dali me fazia sentir em casa, sem dúvida, ele adorava minha visita.

O reino do Sol, cálido em si mesmo, era ilimitado e lindo, tudo tão vivo, tao cheio de cor. A cada passo me detia em novas formas e tamanhos,tudo respirava , tudo sussurrava segredos quentes e vívidos, uma grande bola de luz, tudo era dia,flamas voando pelo ar, eu podia ver fagulhas alçando vôo bem na minha frente.Eu me sentia parte daquele calor.

Caminhava sem parar, ali eu desconhecia a palavra cansaço. E entao, quando menos percebi, havia chegado ao outro lado. Não reconheci aquela face.Me deparei com a fronteira, paralisada, olhos arregalados, boca aberta, grito suspenso no ar. Uma mistura de medo e sobressalto, eu havia sido traída. Ele jamais me contara sobre aquilo! Por que? Por que destruir tudo com segredos?!

- Mentiroso! Mentiroso! - Eu repetia desequilibrada! Não seria crime destruir tantas convicções assim?! - Desleal! Infiel! - Eu bradava a plenos pulmões. Destruindo alianças, jogando memórias ao vento, correndo com afã sem direção e soluçando copiosamente diante de tal perfídia. Sentia forças me abandonando enquanto meus gritos violentos atacavam meus sentimentos.Eu estava sem ar. Tudo era uma grande fraude. Por que?!

Desconsolada, sem rumo, corri em desespero por todos os lados, meus olhos não acreditavam,meu ser chorava desconfianças, eu queria gritar desaforos, queria que ele sumisse de meus pés. Desejava que meus passos pesados o machucassem, que minhas lágrimas caíssem como pedras de rancor pelo chão. Eu tropeçava em suas mentiras, toda a minha confiança havia sido derretida, via minhas canções fugindo dos meus sonhos, e corria sem acreditar no que crescia dentro de mim, tudo rodava, tudo mudava, era uma mentira após a outra. Eu jamais acreditaria nele de novo.

A triste verdade esmagava meus peito com suas mentiras.

O outro lado do sol, é frio.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

partida

Eu a vi acenando

Longe e pálida

Com um sorriso impávido

Com um olhar firme, sem distração.

Destemida andou até o final da esquina

Com passos pesados e funestos.

Deixou escapar uma lágrima pertinaz,

Que nem se deu ao trabalho de enxugar.

Suspendeu o braço e gritou adeus.

Nunca havia ouvido voz tão doce.

Nunca havia ouvido essa melodia,

Fúnebre, negra, sem sentido

Triste, abatida...Urgente.

Eu corri avidamente para abraçá-la

Chorei copiosamente sua despedida

Quando cheguei, finalmente,

Era tarde demais, minha vida se foi...


(poesia mais ou menos antiga, mas... a correria de final de periodo logo logo acaba! bom final de semana, queridos!)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

cento e trinta e nove.

Eu quis correr, me cobrir de trevas, afundar meus olhos na escuridão. Eu quis entregar minha língua a falácias, me vestir de sofismas, alimentando meu ego com mentiras sutis. Eu cheguei a escalar montanhas altíssimas, abraçando o cume, desejando a solidão. Gritei não-verdades as nuvens, xingando o firmamento e meu próprio corpo, odiei meus traços traindo minha alma, ...minha unica alma. Eu tentei entrar em rodas de falsidade, me entorpecendo com hipocrisias, fazendo amigo o engano, entregando meus passos trôpegos a antíteses. Quis também ser um avesso, caminhando numa linha tênue de loucura, estaziada por absurdos, me apoiei em desvaneios e ilusões.
Mas descobri que nem assim aquela verdade pulsante que invadiu meu peito, quando eu te encontrei, deixaria de sussurrar no meu ouvido, os teus olhos doces de amor nao deixariam de seguir meus passos, por mais estúpido e errante que eu fizesse meu andar, o perdão e o abrigo nos teus braços sempre se fazem presentes. Constrangida diante dessa força, que nao cabe em mim, resolvo transpirar e aspirar essa suave fragância de pura existência.

domingo, 2 de dezembro de 2007

De alguma forma, fazem parte de mim...

uma familia feita de amigos,amigos que sao feitos de familia,um príncipe,dorflex,2010, receitas,por do sol, los hermanos, literatura, bossa-nova,café com leite,coca cola, brigadeiro, crônicas,listas,fotos espalhadas no quarto, etta james,rascunhos,parênteses, tulipas, audioslave,sutian preto,brilho eterno de uma mente sem lembranças, medeixas roxas, chinelos e salto alto,filosofia, vinicius de moraes,lasanha da mamae,bolo de chocolate, clarice lispector,damien rice,cinema, dor de cabeça,desmemória, hilda hilst, praças, dúvidas, estantes de livros,Letras,argumentos, greys anatomy, marisa monte, musica de velho, gilmore girls, lifehouse,silêncio,vitaminada de banana,miopia,ligaçoes de madrugada, sapatilha de ponta,all star, datelli, foo figthers, rob bell,lágrimas no chuveiro, lápis-de-olho, gabriel garcia marques, ryan goslin,argolas,torta de morango, filmes de comedia romantica,tarsila do amaral,aulas de portugues,ênfases, milk shake de ovomaltine, músicas,viagens, poesias, canal brasil, oswaldo montenegro,pircigns, crunch e lance,saudades,unhas vermelhas,pretas ou normais, óculos, biotonico fontora,maçã, placebos, cult,preguiça, esfoliante, purê de batata, cozinha,heros,blogs, estrelas, asas, leoni,futebol,beterraba, realismo fantástico, venus, ipod,estephen speaks,praça dos bilhares, antes do amanhecer e antes do por do sol, cronicas de narnias,imaginação fertil,andanças, the office, sorvete, sorrisos, parque do idoso, mpb,vinho,cs lewis, adriana falcao,mIrc, amelie poulain, leite condensado, peixinhos,reticências, barcos,neologismo, distâncias, ingles, perfume doce,tatuagens, entre outros...e outros..e outros...

de que você é feito?